quarta-feira, 14 de julho de 2010

Surrealmente

Era um domingo chuvoso e mais uma vez ele se trancou em sua casa apenas com uma vela iluminando a sala, fechou as cortinas e pegou suas duas garrafas de tequila, um grão de ração do seu cachorro e algumas fotos em preto e branco, fotos de um passado que ele não cansava de lembrar, mas deveria esquecer. Só agora ele estava pronto para dar início ao seu ritual, bebeu um gole de cada tequila que tinham o mesmo sabor, olhou diretamente para as fotos e na hora de ponto máximo, a qual exigia todo um preparo psicológico antes, seu telefone toca dando-lhe um susto, assim ele derruba uma garrafa de tequila em cima da vela e a chama aumenta estupidamente a ponto de deixar em pó o grão de ração de seu cachorro.. Ele não sabe o que fazer, fica estático, até que de repente entra uma ventania muito forte pela janela que ele havia esquecido aberta, a chama cria formas, era como se o vento e a chama estivessem querendo lhe passar uma mensagem, a mensagem, aquela mensagem.. A mensagem esperada, que só agora ele viu que conseguira, tentava então decifrar os códigos que a ventania lhe enviara, seu 'palco' ainda estava repleto de fogo e um cheiro forte de tequila, fazendo-o lembrar daquele dia, o dia das fotos, o ultimo dia em que teve contato com seu cachorro e com sua mulher, enquanto estava com sua amante bebendo exatas duas garrafas de tequila e fumando um cigarro. Agora tudo fazia sentido, o vento forte levava o pó do grão assim como levou as cinzas do cigarro, a garrafa quebrada assim como a moldura daquelas fotos que agora eram só cinzas, junto com grande parte de sua casa.
Até que de repente, num passe de adrenalina que pulsa forte ele desesperadamente acorda suado, olha pro lado e ver sua mulher, com o coração voltando ao conforto dá-lhe um beijo de boa noite e volta agora a dormir tranqüilo.
(Camilla Matos e Luciano Modesto)

Um comentário:

  1. E... E... E...
    Ele vai se jogar no fogo, ou ele vai apagar, ou ele vai pegar outra garrrafa(rsrsrs).

    Expectativa matou, até ele acordar! Fato!

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